sábado, 2 de outubro de 2010

REDE PREVENTIVA

A REDE é um conceito chave em qualquer programa moderno de prevenção e tratamento, pois permite a instrumentação orgânica dos recursos educativos, institucionais, de bairro, sanitários públicos e privados com a finalidade de proteger as populações não afetadas pelo consumo de drogas lícitas e ilícitas e ao mesmo tempo reduzir o consumo nas populações afetadas e brindar-lhes uma ajuda terapêutica estruturado. A rede parte de um principio essencial: a complementação e organização dos recursos.
Em nosso país, a rede preventiva deve atuar em quatro níveis de inserção:
    • Educação formal nos seus diferentes aspectos
    • Vida Municipal ou das comunidades.
    • Vida laboral, com vista nos aspectos empresariais, bem como na gestão sindical.
    • O esporte nas suas varias manifestações.
A educação preventiva no âmbito escolar privilegia ao docentecomo agente preventivo multiplicador e à escola como um fator onde se deve ter a qualidade de sua vida institucional, bem como a de sua patologia que se manifestará em diferentes sintomas: falta de motivação docente, transtornos disciplinares, violência crescente, pouca participação docente-aluno, etc.
A educação preventiva deve partir de uma concepção onde a informação sobre o uso indevido de drogas se torna insuficiente e inclusive indutiva em certos alunos, caso não seja incluído em um programa global de desenvolvimento afetivo e familiar do educando dentro de um contexto sócio-cultural onde a procura da substancia ilícita encontre um sentido e uma compreensão para lograr uma mudança interior e de comportamento benéfico.
A educação preventiva deve distinguir entre grupos sociais de maior risco e grupos de menor risco. A finalidade do trabalho será diferenciar estas duas realidades para permitir uma abordagem melhor tendo em vista diferentes variantes e problemática.
A educação preventiva deve partir de certos fatos que são patentes e salta à luz:
  • A crise da instituição escolar em nosso país e na sociedade tecnológica em geral, como instrumento de transmissão cultural.
  • O pronunciado declive da função do docente e do prestigio de sua palavra assim como a queda de ideais identificadores tão necessários para um sujeito em crescimento como resultado do deterioro da figura do professor como pai substituto social.
  • A incorporação da comunicação televisiva como meio educativo informativo muito mais penetrante que o discurso escolar ao mesmo tempo, o prestigio que para a criança e o adolescente tem sua mensagem.
  • A explosão da matricula educativa em algumas áreas geográficas eu não foi acompanhada por um desenvolvimento de infra-estrutura e dos recursos humanos adequados.
  • O nível de abandono escolar em algumas regiões do país que fará que o programa preventivo organize formas de capacitação desta população crítica cativa, sem escola.
  • O problema de abandono escolar no ensino Fundamental é muito grande, e converte a este grupo desertor como de risco psicosocial.
  • O problema se complica mais ainda na escola de ensino Médio onde o nível de abandono é bem maior.
Quando falham os recursos educativos familiares e institucionais, surge um adolescente pobremente estruturado em suas capacidades afetivas e como representante da realidade.
A droga se incorpora a esse mundo irreal, de desencontros e vazio.
Drogas estimulantes de um flash ou drogas narcóticas isolantes. Dá no mesmo. O paradigma é a fuga da realidade. Uma realidade para a qual o sujeito não esta preparado para assumir não tem nem o recursos nem suporte suficiente para sustentar-se nela.
A educação preventiva deve passar por diferentes setores:
    • O agente preventivo docente
    • O jovem ou criança em crescimento
    • A família da criança
    • A estrutura curricular do ensino
    • A estrutura institucional escolar
O agente preventivo necessita capacitação no campo que produz a informação e a sua própria identidade afetiva para conter e orientar um processo educativo.A informação deve centrar-se em módulos de ação específica com o nível de maior profundeza em cada um deles.
O primeiro módulo capacita ao docente em quatro tópicos fundamentais:
    • Pessoa: Deve-se tomar o desenvolvimento evolutivo normal e patológico.
    • Droga: Os diferentes tipos e efeitos assim como a diferença entre uso, abuso e adição.
    • Contexto:
        1. Familiar: Deve-se analisar a dinâmica dos círculos de parentes e fraternais em seus aspectos.
        2. Social: neste caso o impacto tecnológico e suas incidências nos seus usos e costumes.
        3. Institucional: O homem se realiza num contexto social e legal institucional.
    • Prevenção escolar: a realização de uma escola participativa com utilização criativa do tempo livre e que supere a simples informação intelectual.
O segundo módulo deve incorporar aspectos formativos mais específicos sobre o primeiro módulo e capacita ao docente para a criação dos Centros Preventivos Escolares e sua participação efetiva no mesmo.
O jovem ou criança em crescimento deve ser sustentado por um projeto adulto (pais, escola, sociedade em geral) onde a utopia se conjugue com a ética do viver. Esta utopia ética deve partir de um reconhecimento (um duplo conhecimento) da criança que cresce. Duplo conhecimento de suas demandas, sua necessidade de ser contido, orientado e limitado, em resumo, reconhecimento da criança como pessoa, ou seja, como sujeito, não anônimo nem inexistente.
Portanto, um projeto preventivo supera o marco da pura informação sobre os efeitos do uso indevido de drogas.
A família da criança, a estrutura curricular do ensino e a estrutura institucional escolar jogam um papel onde a capacidade de holding da escola e dos pais se converte no principal elemento preventivo.
O projeto preventivo implica, numa transformação da família e da escola como instituição (melhoria da qualidade de vida institucional).
Sobre este aspecto, a escola e a política escolar devem promover ações de cuidado e apoio a aqueles educandos com problemas de atraso na aprendizagem, transtorno de conduta, carências na vida familiar, déficit ambientais sociais e econômicos. Esta população é, por si mesmo, uma população de risco para o consumo de drogas.
Na REDE REVENTIVA a vida municipal ocupa um lugar
preponderante. É a célula política de contenção primaria onde os vários representantes da comunidade (docente, pais, políticos, religiosos, jovens) se unem dentro do município com o fim de organizar ações preventivas.
Isto levará a ações que por um lado promovem o desenvolvimento e a promoção comunitária tanto nos aspectos educativos, familiares, institucionais, atendendo especialmente às populações de risco e por ouro lado ações assistenciais primarias onde o consumidor de drogas encontre uma equipe médico-psicológico mínima de escuta, orientação e tratamento individual e familiar.
O plano preventivo deve incorporar à vida laboral como um elemento fundamental. A cultura do trabalho tem especificamente no álcool e a droga seu maior inimigo; isto dá lugar aos jovens aposentados por incapacidade, faltas no trabalho (a media de falta de um trabalhador não adito é de 10 dias por ano, enquanto que a de um adito é de quaro vezes mais), numero maior de acidentes de trabalho, transtornos familiares (principalmente com os filhos), violência, etc.
A capacitação de agentes, a criação de Centros Preventivos laborais, e a adequação de uma política laboral e assistencial são as metas deste plano preventivo específico.
Um bom sistema preventivo laboral fomenta a detenção precoce do alcoolismo e as adições em geral, gerando desta maneira um freio a processos de internação que podem ser prejudiciais para o paciente, sua família e para a própria vida social.
O plano preventivo deve-se acompanhar de uma política nos meios de comunicação social que tende a:
    • Limitar o uso de imagens que incitem ao uso de drogas e ao alcoolismo.
    • Fomentar um estilo de vida sadia e baseada em valores de educação para a saúde.
    • Formar jornalistas especializados sobre o tema.
    • Romper com a imagem social que se transforma num estereotipo de adito=delinqüente já que isto predispõe a criar a noção de incurabilidade ou impossibilidade de tratamento e de pânico social.
    • Alimentar na população a possibilidade de uma compreensão diferente do fenômeno das adições e de sua cura ou tratamento.
A rede assistencial deve partir do Centro Preventivo Assistencial que é o primeiro módulo de ação terapêutica. Para isso utilizará uma serie de ferramentas operativas como as psicoterapias individuais, familiares e grupais, bem como grupos, educativos, de reflexão, de confrontação de condutas, etc.
O Centro Preventivo Assistencial incorpora às noções clássicas ligadas às ciências médicas e psicológicas um conceito psicosocial e pedagógico visto que geralmente o consumidor de drogas necessita de um enfoque integral; geralmente sua escolaridade e todas as suas aprendizagens sociais e familiares sofreram sérios impactos, quer seja pela ausência, falta ou carência desses vínculos.
A partir daí a rede tem no Centro de Desintoxicação a unidade seguinte de complexidade assistencial. O problema clínico que o adito tem a fim de eu seja detectado e tratado clinicamente: hepatite, transtornos cardíacos, neurológicos, etc, tornam necessário um cuidado especializado.
Atualmente se soma a complicação pelos problemas da incidência do vírus da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), que requer um acompanhamento mui particular bem como as mudanças na dieta alimentar e na vida cotidiana.
A Unidade de Desintoxicação também cumpre uma tarefa educativa e de orientação ao paciente para que possa continuar outra fase do tratamento que lhe permita vislumbrar as diferentes crises familiares, sociais e pessoais que o levou ao uso e abuso de drogas.
Este centro assistencial está voltado para a síndrome de abstinência e o prepara para um sistema de atenção comunitária mais complexo a fim de seu tratamento e posterior reintegração social.
Outro nível de complexidade passa estruturação de COMUNIDADES TERAPEUTICAS, que devem ter três tipos de modalidades.
    1. Comunidades terapêuticas profissionais = Ênfases em certos aspectos terapêuticos (psicoterapias, grupos terapêuticos, terapia familiar, etc.)
    2. Comunidades Terapêuticas sócio-pedagógicas = Enfatizam o aspecto educativo e de socialização primaria
    3. Comunidades de Vida = Esta cobre essencialmente as necessidades daqueles pacientes sem possibilidade de reintegração social porque seu estado psicológico esta mui deteriorado ou por escassa contenção familiar.
O último elo da rede assistencial é o Centro de Reintegração social, cuja função será possibilitar o acesso à vida comunitária através de uma aprendizagem social, educativa e laboral, logo depois do processo de reabilitarão.
Apesar de que tudo isso nos fala de Tratamento, é importante que no processo de Prevenção a conscientização do mesmo esteja sempre presente.

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